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Mostrando postagens de 2016

Resenha: A Hora da Estrela, de Clarice Lispector.

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Atriz Rita Elmôr, interpretando Clarice no teatro. “Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.” A Hora da Estrela é um dos mais célebres romances escritos pela maravilhosa Clarice Lispector , a obra foi publicado em 1977, sendo adaptada para o cinema em 1985. Este livro trata da história de Macabéa , uma jovem nordestina de 19 anos, órfã de pai e mãe, que foi criada por uma tia que nunca chegou a ter o mínimo de carinho por ela, a verdade é que Maca nunca teve o carinho de ninguém: “Quando era pequena tivera vontade intensa de criar um bicho. Mas a tia achava que ter um bicho era mais uma boca para comer. Então a menina inventou que só lhe cabia criar pulgas pois não merecia o amor de um cão.” Após a morte da tia, Macabéa se vê sozinha no Rio de Janeiro, trabalhando como datilógrafa (mesmo não tendo o domínio da palavra), ganhando menos que um salário mínimo e morando

Desafio Literário Rory Gilmore.

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  Quem assiste Gilmore Girls sabe bem como a Rory é completamente apaixonada por literatura e está sempre lendo e carregando algum livro (até mesmo levando para os lugares mais inesperados), e foi exatamente por isso que alguns fãs criaram esse desafio: o de ler, ou pelo menos tentar ler, todos os livros citados e lidos por ela no decorrer da série.  Gilmore Girls tem 7 temporadas e nesse ano sai o revival feito pela Netflix, intitulado de Gilmore Girls: Um Ano Para Recordar. Havia um bom tempo que eu sentia vontade de começar a ver essa série, por se tratar principalmente dessa convivência entre mãe solo e filha. Eu já via muito de mim e minha mãe nelas, mesmo antes de assistir e agora que comecei, deu para perceber que estava certa. A relação de amizade entre Lorelai e Rory é muito linda e me fez ver muito da relação que tenho com minha mãe, dentre outras tantas coisas que a série aborda. Bem, mas isso é conteúdo para um post futuro, para quando eu terminar de assisti-la (por en

Resenha: Outra Volta do Parafuso, de Henry James.

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Outra Volta do Parafuso  foi escrito por Henry James em 1898 e trata-se de uma história que se passa numa reunião de amigos em volta da lareira de uma velha casa em Londres na véspera de Natal. Após alguns relatos de histórias de horror, um dos presentes na sala, Douglas, diz aos demais que tem uma história muito mais assustadora que as deles, e, detalhe, trata-se de uma história real. Todos ficam extremamente curiosos e excitados para finalmente ouvir o seu relato, mas têm de esperar alguns dias, já que Douglas lhes revela que a história foi escrita por uma amiga que antes de morrer, há vinte anos, lhe enviou o manuscrito e que o mesmo estava guardado na cidade e para ser revelado teria que mandá-lo buscar. É com esse começo que Henry James fisga a nossa atenção para essa história. Já com o manuscrito à mão, Douglas começa finalmente a contar para seus amigos a história escrita por sua amiga. Assim, o livro Outra Volta do Parafuso começa a ser narrado por sua protagonista. Um fat

Resenha: Lolita, de Vladimir Nabokov.

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Vladimir Nabokov (1899-1977) , foi um romancista russo-estadunidense. Na juventude, a fuga da Rússia natal para a Inglaterra durante os distúrbios revolucionários de 1919 representou para Nabokov o início de uma vida nômade, que o levaria de Londres, onde estudou Literatura francesa e russa, até Berlim, França, Estados Unidos (pouco antes da invasão alemã à França) e, finalmente, à Suíça. Seus romances, escritos em inglês a partir de 1941, caracterizam-se por uma estrutura sensível e complexa, com pormenorizadas descrições das personagens. Seu maior sucesso literário foi, sem dúvida, Lolita (1955) . As editoras americanas negaram-se a publicar a obra, por esse motivo foi primeiro lançada na França. Polêmico e arrebatador, esse romance vem sendo apreciado e discutido tão intensamente como quando na época em que foi lançado, por se tratar de um tema extremamente polêmico: a pedofilia . Sim, Lolita se trata de um romance (gênero literário) narrado na perspectiva de um pedófilo e insa

Um amor chamado Penny Dreadful.

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Na última segunda-feira (20/06), tive a triste notícia de que uma das minhas séries favoritas tinha sido cancelada. A série estreou em 2014, chegando ao fim em sua terceira temporada. Ainda não tinha assistido ao series finale de Penny Dreadful e até então o criador da série, John Logan , não tinha nos informado sobre seu fim. Nem preciso dizer o quanto chorei assistindo esse final, foi bem pesado. Essa série é tão especial assim para mim por várias razões, então resolvi falar sobre ela aqui (como já tinha prometido na resenha sobre O Retrato de Dorian Gray) como um modo de homenageá-la e também como despedida. Penny Dreadful é uma série de horror criada por John Logan e produzida por ele e Sam Mendes. Se passa no final do século XIX, na cidade de Londres na Era Vitoriana. A história conta com personagens clássicos da literatura gótica como Victor Frankenstein e sua Criatura que na série adota o nome de John Clare (seu poeta favorito), Dorian Gray , Conde Drácula e Dr. Je

Filmes que falam sobre mim.

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Assim como a música e os livros, os filmes que mais amo sempre têm algo a ver comigo - da mesma maneira que acredito que isso aconteça com você. Seja uma personagem, uma história de vida, problemas, felicidades, aventuras, sonhos etc, sempre vai existir aquele filme que parece que foi feito para você.  Resolvi fazer uma lista dos que me trazem certos sentimentos e que me identifico de inúmeras formas, tanto que nunca passo muito tempo sem assistir novamente. Talvez eles digam mais sobre mim do que eu jamais poderia explicar, essa é uma das coisas que mais aprecio na arte, o poder que ela tem que lhe mostrar/causar sentimentos que você muitas vezes não consegue externar sozinho, ou que prefere guardar no seu íntimo. A lista a seguir não contém todos os meus filmes favoritos (até porque acho que seria impossível caber todos em um único post, e também não estão necessariamente em ordem), mas apenas alguns que resumem muito bem esses sentimentos dos quais falei.  Na Natureza Selva

Filme: A Bruxa (2016), de Robert Eggers.

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A Bruxa (2016) , se passa na Nova Inglaterra, no ano de 1630. Após desentendimentos com a igreja, William e Katherine são expulsos da vila onde moravam com suas cinco crianças, e partem sem rumo à procura de um novo lugar para se estabelecerem. Acabam morando à beira de um deserto intransitável cercado por uma imensa floresta. Em nenhum momento ficamos sabendo o motivo da expulsão deles, mas mesmo com o ocorrido, a família continua totalmente fiel aos ideais cristãos daquela época, com um fanatismo exacerbado, por sinal. O ambiente hostil onde vivem é um dos elementos essenciais do longa. Com uma fotografia impecável, ele retrata muito bem como o território americano ainda era inóspito, além de mostrar a cultura daquele povo de um modo bem realista. Inclusive, o filme foi totalmente baseado em lendas e relatos escritos e orais de pessoas daquela época. Tudo começa a piorar quando o filho caçula deles, um bebê ainda de colo, desaparece misteriosamente enquanto estav

Sobre Edgar Allan Poe e suas Histórias Extraordinárias.

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Edgar Allan Poe (1809-1849) , nasceu em Boston, EUA. Filho de um casal de atores fracassados, ficou órfão ainda muito pequeno, mas foi adotado por uma família abastada, de quem recebeu uma boa educação clássica, estudando na Escócia e Inglaterra. Frequentou a Universidade da Virgínia estudando grego, latim, francês, espanhol e italiano, mas largou a vida acadêmica por causa do jogo, ao qual era viciado e perdeu muito dinheiro. Esse foi um dos motivos que levaram a ocorrência de conflitos com seu pai adotivo. Ele era muito devotado à sua mãe adotiva, mas acabou perdendo-a também, assim como sua mãe biológica. Essas tragédias, sem dúvida, influenciaram muito no modo como ele perceberia o mundo ao seu redor, e à sua melancolia. Poe se apaixonou verdadeiramente por duas mulheres em sua vida, com uma delas ele se casou, e as duas, adivinhem só, também morreram. Ele também tinha problemas com a bebida e acabou se viciando em ópio, que eram como um "refúgio" para ele conseguir

Resenha: Drácula, de Bram Stoker.

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Abraham “Bram” Stoker (1847-1912) , nascido na Irlanda, escreveu diversos livros e se dedicou também a adaptações para o teatro, mas sua verdadeira obra prima é, sem dúvida, Drácula (1897). Na época em que o livro foi lançado, ele não teve uma repercussão tão boa quanto a que tem hoje em dia, já que a literatura de horror não tinha tantos fãs quanto hoje no século XIX. Mas foi graças a esse livro e outros como Frankenstein, da Mary Shelley, que temos hoje os meus tão amados filmes de terror. Essas obras foram as percussoras da literatura de horror e inspiraram vários filmes, livros, quadrinhos, jogos etc. que temos hoje. Por esse motivo acho sempre bom lembrar o quão importante elas são. Toda a narrativa do livro é feita através de cartas, diários e telegramas, o que se torna genial, pois nós vemos partes da história na perspectiva de cada personagem, de uma forma honesta já que eles colocam o seu íntimo no que escrevem. O livro começa com o diário de Jonathan Harker , um pro

Resenha: O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde.

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O Retrato de Dorian Gray é o único romance do escritor irlandês, nascido em Dublin, Oscar Wilde (1854-1900) , o romance foi fortemente criticado na época – alguns viam imoralidade na obra, já que Wilde, entre outras coisas, introduziu com essa ficção o tema da homossexualidade no romance inglês, o que foi um dos maiores motivos que fizeram com que eu me interessasse por esse livro. Dorian Gray era um jovem bonito, loiro, dos cabelos encaracolados, lábios torneados e escarlates, que eram algumas das qualidades mais fascinantes dele e que faziam com que as pessoas acreditassem sempre no seu rosto inocente e encantador. Dorian não tinha malícia no começo do romance, e nem mesmo tinha noção da sua beleza e de como ele poderia tirar proveito disso. No começo do livro, Dorian Gray ainda não aparece, só ouvimos falar dele através de uma conversa entre seu amigo pintor Basil Hallward, que tinha uma paixão secreta por ele (no livro, em nenhum momento ele confessa que é apaixonado pelo Dori

Os Distraídos, Rubens Figueiredo.

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"Ainda que eu feche os olhos, mesmo que eu tape os ouvidos e comprima com força as mãos sobre as orelhas, percebo na pele, sinto nos ossos que o mundo trepida e bufa, agitado, à minha volta. Sempre me admira que tudo se esforce tanto em se mostrar, sempre me espanta que com tamanha sofreguidão todos queiram aparecer. Para mim, esconder-se é habilidade suprema e manter-se oculto constitui o talento mais precioso de todos. Mas nem sempre pensei assim, antes eu era como os outros. Entrava no elevador e as quatro pessoas que meus olhos viam eram as quatro pessoas que o elevador de fato carregava. A voz que meu ouvido escutava no telefone representava, para mim, a mesma voz que falava, bem longe dali. Minha mão espremia uma esponja encharcada e a água que escorria entre os dedos era – assim eu acreditava – a mesma água que ela, antes, havia absorvido. Mas a essa altura, em algum lugar, em algum vão mais sombrio, ele já me espreitava pelas costas. Sem que eu notasse, ele já vigiav