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Mostrando postagens de 2017

Resenha do filme Dogville, de Lars Von Trier.

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Lars Von Trier é um cineasta e roteirista de origem dinamarquesa, foi vencedor de diversos prêmios europeus de cinema em sua carreira. Seu filme de estreia foi Befrielsesbilleder (1982), sendo ele uma obra de transição e que encaixa-se na proposta de seus curtas, mesmo já se relacionando com a estética de seus filmes seguintes. Mas seu maior reconhecimento veio com seu oitavo filme, Ondas do Destino (1996). Trier dirigiu diversos filmes, com destaque especial para Anticristo (2009), Melancolia , (2011), Ninfomaníaca I e II (2013), Dançando no Escuro (2000) e Dogville (2003). *Atenção, pois a resenha contém alguns spoilers.* Dogville se passa em uma modesta cidade ou vila de mesmo nome, o filme é dividido em dez partes – incluindo o Prólogo, onde são mostrados os resumos do que acontecerá em cada capítulo, nos relevando o desfecho de cada um deles, mas isso de forma alguma atrapalha o desenrolar da trama e nossa percepção sobre ela. Tudo começa com um narrador que nos intr

Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane.

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Paulina Chiziane nasceu em 4 de junho de 1955, é considerada a primeira romancista moçambicana, apesar de não aceitar essa designação, pois prefere ser chamada de contadora de estórias. Em entrevista, Chiziane explica que ser rotulada de romancista faria com que ela ficasse presa a padrões de escrita europeus e que, acima de tudo, ela busca uma liberdade de escrita, para que possa usar da oralidade e das histórias contadas ao redor das fogueiras, que tanto fazem parte de sua cultura. Também afirma que não se considera uma ficcionista, pois usa da realidade que conhece para escrever suas estórias: “Sou contadora de estórias e não romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte.” Chiziane nasceu nos subúrbios de Maputo, chamada anteriormente de Lourenço Marques. Nasceu em uma família protestante e que falava as línguas Chope e Ronga, aprendeu a língua portuguesa apenas depois de fr

Profissões para mulheres e outros artigos feministas, de Virginia Woolf.

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Virginia Woolf (1882-1941), nasceu em 25 de janeiro, seu pai era crítico literário, Virginia passou a infância numa mansão londrina junto de seus três irmãos e tratada por sete criados, conviveu com personalidades como Henry James e Tom Hardy, o que com certeza favoreceu o seu contato com a literatura. Foi uma das romancistas mais inovadoras da literatura inglesa. Destacou-se também como uma das precursoras do feminismo contemporâneo. Escreveu diversos livros que se tornaram clássicos modernistas como: O Quarto de Jacob (1922), Mrs. Dalloway (1925), Rumo ao Farol (1920), As Ondas (1931), Os Anos (1937), Entre os Atos (1941), entre outros. Virginia também escreveu artigos nos quais analisou de um jeito ímpar o papel da mulher em uma sociedade dominada por homens, ideias essas que ajudaram a abrir mais o caminho do movimento feminista. Mesmo com seu enorme talento para a escrita e tendo saído de uma família bem estruturada da alta sociedade londrina, Woolf não conseguiu escapar

Resenha: O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë.

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Emily Brontë, por Branwell Brontë (1833). Único romance de  Emily Brontë (1818-1848), O Morro dos Ventos Uivantes é até hoje um dos mais singulares e surpreendentes romances do século XIX. Emily veio de uma família talentosa, suas duas outras irmãs, Charlotte e Anne, também escreviam e seus romances são notáveis até hoje por abordarem mulheres fortes e que destoavam dos padrões estabelecidos em sua época; assim como seu irmão, Branwell, que apesar de ter sido uma pessoa perturbada, tinha talento para a pintura. Emily e suas irmãs cresceram reclusas no interior da Inglaterra, sendo reprimidas pelos moldes cristãos da época, como acontecia com a maioria das moças. Porém, mesmo com empecilhos, elas não deixaram de escrever e nem de publicar suas obras, usando pseudônimos masculinos elas conseguiram driblar o preconceito que havia contra mulheres escritoras. O pseudônimo que Emily usou foi o de Ellis Bell, o que fez com que a sociedade da época se chocasse com a descoberta de que O

Lendo Jane Austen: A Abadia de Northanger.

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Concluído originalmente em 1803, A Abadia de Northanger foi o primeiro romance escrito por Jane Austen, porém só foi publicado postumamente em 1818. O romance narra a história de Catherine Morland , uma moça de 17 anos que deixa seu tranquilo vilarejo para passar um tempo em Bath, uma cidade movimentada, cheia de lugares para passear e bailes para ir.  Catherine era uma jovem apaixonada por romances góticos e que sonhava em conhecer castelos sombrios e viver uma aventura como as retratadas nesses livros. Cath está longe de ser a heroína ideal dos romances, ela na verdade é atrapalhada, ingênua, desatenta e não tem uma beleza extraordinária, além de também não saber julgar bem o caráter das pessoas que a cercam. Assim que chega a Bath, Cath vai pela primeira vez conhecer novos amigos, entre eles está (a falsa) Isabella Thorpe , que no início se mostrava ser uma ótima amiga e companheira de Cath, mas que no decorrer da história se mostra manipuladora e interesseira; o irmão de Isab

Resenha: Os Lusíadas, de Luís de Camões.

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Luís Vaz de Camões (1524-1580) , foi o grande poeta nacional lusófono, considerado um dos maiores escritores de língua portuguesa e da poesia Ocidental. Muito pouco se sabe com veemência sobre sua vida. Provavelmente nasceu em Lisboa, em uma família da pequena nobreza, recebeu educação sólida nos moldes clássicos, tendo domínio do latim, literatura e história. Pode ter estudado na Universidade de Coimbra, mas sua passagem pelas escolas não foi documentada. Começou sua carreira como poeta lírico, frequentando a corte. Algum tempo depois, se exilou em África, alistou-se como militar e acabou perdendo seu olho direito em batalha. Depois acabou voltando para Portugal, onde é preso; logo depois de perdoado, parte para o Oriente. Passando lá vários anos, começa a escrever sua obra mais aclamada: Os Lusíadas , que foi publicada no seu retorno à pátria. Camões começa, então, a receber uma pequena pensão do rei D. Sebastião, porém seus últimos anos de vida foram conturbados, e acabou enfrent